Um monstro refém das insónias

Uma sombra que não dorme e fez de si um alvo de sedução e agressões

Alguém que acedeu aos seus dados pessoais

Uma transtornada, sem respeito pelas regras do privado e do convívio social

Uma histeria epilética a ameaçar-lhe vida e obra

Sufocada pelos vómitos de uma linguagem escatológica

Uma sonâmbula incestuosa gangrenada por traumas religiosos

Uma obcecada com imagens revoltantes e fantasmas sexuais com o próprio filho

Uma besta que lhe espezinha os afetos, contactos e hábitos

Um caso anormal, que lhe invade as amizades, envia emails em seu nomes e está, ano após ano, a pensar permanentemente em si

Uma mente perversa apostada em envenenar-lhe a existência

O diário de uma sedução falhada mergulhada no crime

Um ser disforme mascarado pela capa diária da normalidade

Um problema de saúde pública, avidamente ao seu lado, apenas à espera da noite, para voltar a atacar

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Maio de 2017 - Assembleia da República: como iniciativa da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, aborda-se uma das raízes da perseguição, o assédio moral e sexual do cidadão nos seus locais de trabalho





"As mulheres são as principais vítimas tanto de assédio moral (16,7%) como de assédio sexual (14,4%) no local de trabalho, uma perseguição que também atinge os homens, segundo um estudo que será debatido hoje na Assembleia da República.

Promovido pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) e desenvolvido pelo Centro Interdisciplinar de Estudos de Género do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, o estudo permite conhecer a dimensão desta realidade no local de trabalho e as suas características.

Segundo o estudo, que deu origem ao livro "Assédio moral e sexual no local de trabalho", que é apresentado hoje, 15,9% dos homens já foram vítimas de assédio moral e 8,6% de assédio sexual no trabalho".

quinta-feira, 25 de maio de 2017

2017 - Os traumas religiosos de um monstro perseguidor, ou a pegada de uma seita, na linguagem perversa da perseguição obsessiva







"Pater noster qui es in caelis,
sanctificetur nomen tuum,
adveniat regnum tuum,
fiat voluntas tua,
sicut in caelo et in terra.
Panem nostrum quotidianum
da nobis hodie,
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris,
et ne nos inducas in tentationem, 
ed libera nos a malo.
Amen".

sábado, 20 de maio de 2017

Os mundos secretos das redes sociais: captação de imagens, violação de privacidade e desvio de conteúdos, ao serviço de velhas obsessões sexuais




"Existem três tipos de grupos no Facebook: os públicos (em que todos os utilizadores conseguem aceder ao conteúdo); os ‘fechados’ (é possível encontrá-los nas pesquisas, ver algumas publicações mas, para ter acesso a tudo, é preciso ser convidado por um membro) e por fim os ‘secretos’. Estes não aparecem na lista de opções quando se pesquisa pelo seu nome na rede social e é impossível ver, por isso, qualquer conteúdo ou lista de membros. Só se tornam visíveis após convite"

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Perseguidores, cyberstalking e doenças mentais, uma epidemia silenciosa a gerar, em Portugal e no Mundo, números assustadores




Imagem da série "Depressão", de Paula Rego


"Há hoje mais 18% de seres humanos com doenças mentais do que na última década. Uma das mais silenciosas e por vezes com desfechos dramáticos é a depressão: afeta 322 milhões de pessoas. Em Portugal, a taxa de prescrição de antidepressivos atingiu valores elevados - é o dobro da média europeia. Os sintomas variam entre a tristeza persistente, perda de interesse, incapacidade de executar tarefas simples, perturbações do sono ou outros mais extremos".

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Muito para lá da meia noite, uma história verídica de erotismo e perseguição: o cyberstalking da mulher insinuante, falhada e insatisfeita





“Estava eu a ver os meus emails, quando um em especial me chama a atenção. Alguém com quem convivia numa numa chatroom de conversas banais, tinha-me enviado um email para eu ir espreitar um determinado link e que nesse link iria ler coisas que não ia gostar nada. Fiquei curiosa e cliquei no link que me encaminha para um blogue.

Nesse blogue comecei a ler o meu nome, a minha morada, o meu número de telemóvel e telefone de casa e até a minha fotografia. Fui fazendo scroll à página e vejo que além dos meus dados, também lá estão os dados do meu marido e de mais umas pessoas que costumavam frequentar esse chatroom

Além desta informação, também lá estavam excertos de conversas mantidas em janelas privadas no chatroom e até conversas retiradas do Messenger. A minha primeira reacção: entrar em pânico por me aperceber que os nossos dados estavam expostos na net, e que havia uma grande hipótese de alguém ligar e de um dos meus filhos atender…

Após alguns minutos neste estado, lembrei-me que tinha de ir apresentar queixa nas autoridades competentes. Esta era uma situação muito grave. Imprimi tudo o que lá estava escrito e sai de casa a correr, no meio da noite, directa à secção de piquete da Policia Judiciária. Senti-me envergonhada naquele momento.

Ali estava eu naquele edifício imponente, sozinha (o meu marido tinha ficado em casa a tomar conta dos nossos filhos) e a achar que todos estavam a olhar para mim de forma punitiva. Estava errada. Após uma breve conversa com a inspectora de serviço, descobri que estas situações estavam a ser cada vez mais frequentes e que grande parte das vítimas não apresentava queixa por vergonha.

Uma das perguntas que me fizeram é se eu desconfiava de alguém. Peguei no que imprimi e comecei a ler com atenção tudo o que lá estava. Para meu espanto vejo que todos aqueles excertos eram de conversa que mantínhamos com alguém que lidávamos diariamente, que vinha a nossa casa e que conhecíamos há muitos anos.

Após a queixa apresentada, a inspectora informou-me que iriam fazer de tudo para fecharem o blogue, para eu reportar o blogue aos administradores do mesmo e para me manter atenta. Passados cerca de 15 dias, vejo que aquele blogue tinha sido fechado e respirei de alívio. Mas nada disto impediu que recebesse alguns telefonemas anónimos no meu telemóvel.

Fui obrigada a mudar de número de telemóvel, a criar nova conta de email e a pôr segurança extra em toda a minha actividade online. Apesar desta pequena vitória, resolvi fazer uma pesquisa pela net. Voltei a descobrir outro blogue com as mesmas coisas. Voltou o pânico. Mais uma vez informei a Policia e mais uma vez reportei o blogue como malicioso aos administradores.

Andei nesta situação meses a fio, com blogues a serem fechados e blogues a serem abertos, por vezes 2 de cada vez. Alguns a demorar uma eternidade a serem fechados e a não obter resposta por parte dos administradores dos mesmos: estavam sediados em Miami e por lá a lei é totalmente diferente da nossa. Fui chamada ao tribunal para confirmar tudo, para avançar com uma queixa a título particular (em Portugal, a difamação e a exposição de dados pessoais sem autorização são considerados crimes semipúblicos, o que significa que só é necessário apresentar queixa nas autoridades para que o Ministério Público avance com uma investigação e um processo judicial contra os autores dos crime sem implicar as vítimas).

Devido a estar tão saturada de tudo e de querer esquecer tudo isto, pois entretanto já tinha passado mais de um ano, não apresentei queixa formal, mas o processo continuou e de um momento para o outro os meus dados desapareceram e já nada aparecia nas pesquisas. Entrei em contacto com a inspectora responsável pela investigação que me disse para ficar descansada que não iria ser mais incomodada por quem me tinha feito aquilo, mas que ainda tinham muito mais para investigar, pois eu não tinha sido a única vítima neste processo todo.

Durante aquele tempo todo, senti-me perseguida e humilhada, um sentimento quase a chegar à violação psicológica. Algo que dificilmente vou esquecer. Fui perseguida, difamada, humilhada por alguém que pensava ser da minha confiança e que não sei porque me fez isto.

Tenho consciência que o meu caso não é dos mais graves, mas que me marcou para a vida, marcou!”

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